A intenção é que cerca de 200 mil pessoas trabalhem ou estudem no local, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região.
Com mais de 25 milhões de metros quadrados, o Parque se prepara para receber novas empresas e instituições de ensino (foto: Daniel Corrá) |
Daniel Corrá/São José Dos Campos - Em
2005, dois ex-alunos da turma de doutorado do Instituto Tecnológico Aeroespacial
(ITA), Nei Brasil e Benedito Maciel, fundaram em São José dos Campos, a Flight
Technologies, uma empresa de desenvolvimento em soluções inovadoras, com foco
no setor aeronáutico. Inicialmente na incubadora do ITA, a Flight se mudou para
o Parque Tecnológico em 2008 e hoje emprega cerca de 30 profissionais, sendo referência
no mercado. “Agora, buscamos a liderança latino americana no nosso setor”,
afirma Noli Kozenieski, gerente comercial do negócio.
A
Flight é apenas uma das mais de 30 empresas presentes atualmente no Centro
Empresarial I, do Parque. Situado em uma área de 25 milhões de metros
quadrados, às margens da Via Dutra, o núcleo é destaque por abrigar empreendimentos
de setores intensivos em conhecimento, com prioridade para as áreas de energia,
aeronáutica, saúde e recursos hídricos e saneamento ambiental, e institutos de
pesquisa e ensino. Essa concentração tecnológica combinada proporciona a
oportunidade de interação entre si. “O fato de você reunir empresas do setor
que têm afinidade e sinergia no trabalho é extremamente estratégico e
funcional”, defende Kozenieski.
Para
Liv Taranger, Assessora de Comunicação do Parque, o ambiente de convivência estimula
o empreendedorismo, garantindo às empresas um acesso privilegiado a
laboratórios, profissionais com alta qualificação e novas oportunidades de
negócios. “Nosso objetivo é estimular o desenvolvimento de uma rede de
conhecimento, tecnologia e inovação que gere soluções com amplitudes globais”,
afirma Liv.
Quem
trabalha no Parque, também enxerga grandes oportunidades de crescimento
profissional. Luciana Guimarães, Analista de Recursos Humanos da Vale Soluções
em Energia (também situada no complexo), mora em Pindamonhangaba e se locomove
para São José de segunda à sexta-feira, sem medir esforços. “Aqui eu vislumbrei
um crescimento profissional, pois é onde estão as melhores empresas e as
‘coisas acontecem’”, conta a Analista. Luciana sai de Pinda pela manhã, logo
após deixar o filho de dois anos na escola, e percorre cerca de 50 km até o
local de trabalho. “Existe um gasto com combustível e certo cansaço físico, mas
a relação custo-benefício vale muito a pena”, garante.
Para o economista Edson Trajano, momentos de crise mundial podem ser grandes oportunidades para empresas de pequeno porte e cunho empreendedor e tecnológico, como as do Parque (foto: Daniel Corrá)
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Novos Investimentos
Visando
atrair ainda mais novas empresas e instituições, o Parque começa agora a dar
novos passos. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) anunciou o
investimento de 65 milhões de reais na construção de um novo campus no “Parque
das Universidades”, um espaço de 400 mil metros quadrados onde já está abrigada
a Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos (Fatec). Além disso, ainda
nesse semestre serão iniciadas as obras do Centro Empresarial II, um
investimento de mais de 13 milhões de reais, financiado pela Prefeitura da
Cidade, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e da Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep). O novo pólo deverá abrigar 50 novas empresas e ser concluído
em 2014.
Implantado
em março de 2006, o Parque Tecnológico de São José dos Campos integra o Sistema
Paulita de Parques Tecnológicos, um projeto da Secretaria Estadual da Ciência,
Tecnologia e Desenvolvimento. Atualmente,
o núcleo tecnológico ao todo, conta com dois mil profissionais e somente em
2011 os empreendimentos no local faturaram cerca de 2,5 milhões de reais. A
previsão, é que dentro de 15 e 20 anos, exista até 200 mil pessoas estudando ou
trabalhando no Parque. “A ideia é nos transformarmos em uma cidade tecnológica dentro
de São José”, revela a assessora de imprensa.
RM Vale e crise europeia
Todo
o desenvolvimento e crescimento do Parque Tecnológico podem ganhar ainda mais
força com a recém-criada Região Metropolitana do Vale do Paraíba, um
instrumento jurídico que permite o planejamento de questões que envolvem as
cidades da região, integradas de forma territorial e econômica. A RMVale, traz
entre outros benefícios, o aumento no repasse de verbas estaduais e federais
para investimento na região. Para o economista e professor da Universidade de
Taubaté, Edson Trajano, a região metropolitana facilita ações de políticas
regionais de desenvolvimento. Trajano, que é Doutor em História pela
Universidade de São Paulo (USP), ressalta a importância do Parque Tecnológico
para o processo de inovação tecnológica regional, indispensável no aumento da
produtividade do trabalho e da competitividade das empresas locais. “Existe consequentemente
a contribuição para a ampliação da renda e do emprego regional””, afirma.
O
professor acredita também, que nem o cenário econômico mundial abalado deve
ameaçar o investimento em empresas de médio porte e nacionais, como as situadas
no Parque. Ao contrário, momentos como esse podem abrir oportunidades para esse
nicho de negócio se fortalecer e ser a base para alavancar ainda mais nossa
economia. “Nas últimas décadas a região cresceu com uma economia baseada nas
grandes empresas multinacionais, pode ser um bom momento para mudar esse quadro”,
avalia Trajano. Mesmo com a crise europeia ameaçando grandes corporações, por
enquanto o Brasil se mantém forte e este modelo de empresas empreendedoras,
cada vez mais crescente no Vale do Paraíba, é a prova que o Parque Tecnológico pode
ser a “galinha dos ovos de ouro” da nossa região.
Reportagem publicada no Jornal Diário de Taubaté, em 16 de março de 2012.
Reportagem publicada no Jornal Diário de Taubaté, em 16 de março de 2012.