Gabriel Vargas, prefeito de Monteiro Lobato de 2009 a 2012 (foto: reprodução) |
A cidade de Monteiro Lobato
encerra 2012 ao seu tradicional estilo: pacata. Encerra-se também uma gestão de
quatro anos do prefeito Gabriel Vargas, que no meu ponto de vista, mexeu com a
cultura e tradição da cidade.
O grande problema quando
Vargas ganhou a eleição, foi achar que ele salvaria o mundo. Mudaria
radicalmente nosso município. Seria uma versão Obama, porém lobatense. Contudo,
em uma cidade pequena, onde recursos são escassos, a política e o modo de
pensar das pessoas ainda se prendem ao passado, não é fácil mudar muita coisa.
Mesmo assim, nas pequenas
atitudes, acredito que Vargas tenha realizado um bom mandato e mudado um pouco
as características da “velha” Monteiro Lobato.
Logo no início, Vargas
mostrou a aliados e oposicionistas que a política seria apenas um detalhe da
sua gestão. Levaria consigo seus próprios princípios para governar. Seria o
mesmo Vargas de sempre. Aquele que a comunidade mais humilde batia à porta de
seu Mercado e de sua casa, pedindo ajuda para pagar uma conta de água, comprar
um botijão de gás, ou facilitar a forma de pagamento no seu estabelecimento.
Aquele que se enchia de orgulho ao dar o primeiro emprego aos jovens
lobatenses, e ficava mais feliz ainda ao vê-los alcançando voos mais altos.
Vargas assustou a todos (e
causou revolta em alguns) ao chamar profissionais que eram oposição para compor
alguns de seus cargos de confiança. Segundo ele, seu critério foi a
competência, e claro, a confiança, como o próprio cargo pede. Duvidamos de
alguns profissionais em suas pastas. Alguns realmente não deram certo e houve
mudança. Em determinados casos, a população mostrou sua voz, pedindo ação.
Outros continuam lá, afinal, nem sempre é possível agradar a todos.
O mais importante, é que deixando
todo partidarismo de lado, Vargas conseguiu coisas importantes para Monteiro
Lobato. Conseguiu o maior número de emendas parlamentares desde 1997. Somente
em 4 anos, arrecadou cerca de 10 vezes mais que durante todos os 12 anos
anteriores a sua gestão. Foram mais de 5 milhões de reais investidos. A frota
de veículos públicos foi renovada. Ônibus, caminhões, carros oficias e
ambulâncias não eram trocados há anos, circulando em condições precárias. Na
educação, todas as escolas foram reformadas e ganharam melhor estrutura. Livros
foram comprados, a merenda otimizada, e grande parte da população está
satisfeita com o aprendizado de nossas crianças. A cultura e o turismo também
contaram com importantes realizações. Pela primeira vez, nossa cidade explorou
seu potencial turístico e educacional para literatura, levando o nome do
escritor Monteiro Lobato para fomentar o debate e à prática da leitura.
Sim, precisamos aprimorar
ainda mais para que tenhamos um turismo ainda mais sustentável e estruturado,
mas os primeiros passos foram dados.
Vimos obras lendárias saírem do papel nesses quatro anos, como a
revitalização do asfalto que liga Monteiro à São Francisco Xavier, a manutenção
e inauguração do novo asfalto do bairro do Souzas, o asfalto na Rua Bernardino
de Campos, a conclusão do novo prédio do Posto de Saúde, as academias ao ar
livre e duas obras famosas: a revitalização da SP-50 e a reforma da Praça
Comendador Freire. Quanto a Praça, talvez tenha faltado um pouco de
planejamento, sendo que as obras, em plena temporada de verão, desagradaram (e
com toda razão) comerciantes, moradores e turistas. Nos resta esperar que o
projeto fique realmente bom e traga benefícios.
Vargas, como todo ser
humano, não é perfeito. E em dados momentos faltou maior rigidez na área do
transporte coletivo e da saúde. A última está longe de ser satisfatória, e
infelizmente, é um problema generalizado em nosso país.
Como prefeito, Vargas atuou
muito mais como pessoa, do que como político. É evidente. Prova disso foi a
decisão de não concorrer a um segundo mandato (mesmo tendo obras públicas que o
ajudassem no pleito para mostrar uma boa gestão). Vargas sai da vida pública
com a sensação de dever cumprido e garante que volta ao comando do seu comércio
após alguns dias de férias.
Nossa cidade não alcançou
nenhum desenvolvimento incrível nos últimos quatro anos. Contou com pequenas e
importantes realizações. Não nos tornamos nenhuma potência, mas demos passos
que podem nos levar a referência em nossa região. Não contamos com a melhor
segurança do mundo, mas ainda podemos andar com tranquilidade nas ruas. Não
tivemos um prefeito salvador da pátria, mas tivemos um administrador íntegro,
honesto, de caráter, com boas intenções. Vargas não jogou o jogo da política.
Optou pelos seus princípios. Pode não ser o melhor prefeito, mas deixa um
exemplo de grande pessoa.