domingo, 30 de dezembro de 2012

Um prefeito além da política

Gabriel Vargas, prefeito de Monteiro Lobato de 2009 a 2012
 (foto: reprodução)
A cidade de Monteiro Lobato encerra 2012 ao seu tradicional estilo: pacata. Encerra-se também uma gestão de quatro anos do prefeito Gabriel Vargas, que no meu ponto de vista, mexeu com a cultura e tradição da cidade.

O grande problema quando Vargas ganhou a eleição, foi achar que ele salvaria o mundo. Mudaria radicalmente nosso município. Seria uma versão Obama, porém lobatense. Contudo, em uma cidade pequena, onde recursos são escassos, a política e o modo de pensar das pessoas ainda se prendem ao passado, não é fácil mudar muita coisa.

Mesmo assim, nas pequenas atitudes, acredito que Vargas tenha realizado um bom mandato e mudado um pouco as características da “velha” Monteiro Lobato.

Logo no início, Vargas mostrou a aliados e oposicionistas que a política seria apenas um detalhe da sua gestão. Levaria consigo seus próprios princípios para governar. Seria o mesmo Vargas de sempre. Aquele que a comunidade mais humilde batia à porta de seu Mercado e de sua casa, pedindo ajuda para pagar uma conta de água, comprar um botijão de gás, ou facilitar a forma de pagamento no seu estabelecimento. Aquele que se enchia de orgulho ao dar o primeiro emprego aos jovens lobatenses, e ficava mais feliz ainda ao vê-los alcançando voos mais altos.

Vargas assustou a todos (e causou revolta em alguns) ao chamar profissionais que eram oposição para compor alguns de seus cargos de confiança. Segundo ele, seu critério foi a competência, e claro, a confiança, como o próprio cargo pede. Duvidamos de alguns profissionais em suas pastas. Alguns realmente não deram certo e houve mudança. Em determinados casos, a população mostrou sua voz, pedindo ação. Outros continuam lá, afinal, nem sempre é possível agradar a todos.

O mais importante, é que deixando todo partidarismo de lado, Vargas conseguiu coisas importantes para Monteiro Lobato. Conseguiu o maior número de emendas parlamentares desde 1997. Somente em 4 anos, arrecadou cerca de 10 vezes mais que durante todos os 12 anos anteriores a sua gestão. Foram mais de 5 milhões de reais investidos. A frota de veículos públicos foi renovada. Ônibus, caminhões, carros oficias e ambulâncias não eram trocados há anos, circulando em condições precárias. Na educação, todas as escolas foram reformadas e ganharam melhor estrutura. Livros foram comprados, a merenda otimizada, e grande parte da população está satisfeita com o aprendizado de nossas crianças. A cultura e o turismo também contaram com importantes realizações. Pela primeira vez, nossa cidade explorou seu potencial turístico e educacional para literatura, levando o nome do escritor Monteiro Lobato para fomentar o debate e à prática da leitura.

Sim, precisamos aprimorar ainda mais para que tenhamos um turismo ainda mais sustentável e estruturado, mas os primeiros passos foram dados.  Vimos obras lendárias saírem do papel nesses quatro anos, como a revitalização do asfalto que liga Monteiro à São Francisco Xavier, a manutenção e inauguração do novo asfalto do bairro do Souzas, o asfalto na Rua Bernardino de Campos, a conclusão do novo prédio do Posto de Saúde, as academias ao ar livre e duas obras famosas: a revitalização da SP-50 e a reforma da Praça Comendador Freire. Quanto a Praça, talvez tenha faltado um pouco de planejamento, sendo que as obras, em plena temporada de verão, desagradaram (e com toda razão) comerciantes, moradores e turistas. Nos resta esperar que o projeto fique realmente bom e traga benefícios.

Vargas, como todo ser humano, não é perfeito. E em dados momentos faltou maior rigidez na área do transporte coletivo e da saúde. A última está longe de ser satisfatória, e infelizmente, é um problema generalizado em nosso país.

Como prefeito, Vargas atuou muito mais como pessoa, do que como político. É evidente. Prova disso foi a decisão de não concorrer a um segundo mandato (mesmo tendo obras públicas que o ajudassem no pleito para mostrar uma boa gestão). Vargas sai da vida pública com a sensação de dever cumprido e garante que volta ao comando do seu comércio após alguns dias de férias.

Nossa cidade não alcançou nenhum desenvolvimento incrível nos últimos quatro anos. Contou com pequenas e importantes realizações. Não nos tornamos nenhuma potência, mas demos passos que podem nos levar a referência em nossa região. Não contamos com a melhor segurança do mundo, mas ainda podemos andar com tranquilidade nas ruas. Não tivemos um prefeito salvador da pátria, mas tivemos um administrador íntegro, honesto, de caráter, com boas intenções. Vargas não jogou o jogo da política. Optou pelos seus princípios. Pode não ser o melhor prefeito, mas deixa um exemplo de grande pessoa. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário