sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Jobim dá continuidade a dança das cadeiras e põe em cheque as escolhas de Dilma

Nelson Jobim, demitido do Ministério da Defesa ontem, após declarações polêmicas ligadas a política e ao governo

A presidente Dilma está realmente empenhada na faxina em seu ministeriado antes mesmo de completar um ano à frente ao planalto. No mês de junho, após sucessivas denúncias sobre enriquecimento (relacionado ao aumento de seu patrimônio em 20 vezes entre 2006 e 2010), o até então ministro da Casa Civil Antônio Palocci foi o primeiro a cair, puxando o arrastão do governo.

Após a saída de Palocci, nome forte no Planalto, outros nomes se enfraqueceram, como o na ocasião ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, que disponibilizou o cargo a presidente, resultando em um simples troca-troca ao assumir o Ministério da Pesca, de menor relevância. Em contrapartida, a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti, passou a nada mais, nada menos a ocupar a pasta de Sérgio. A mudança gerou polêmica e colocou em questionamento, o nível de proeminência de cada ministério e de seus condutores.
Mas se Dilma pensava que o pior já havia passado, estava enganada. Como se não bastasse, no começo de julho foi a vez do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PP) deixar o cargo após uma série de denúncias na pasta. Junto com Nascimento, mais de 20 integrantes do ministério perderam seus cargos. 

Em Brasília, políticos e escândalos protagonizam e sempre protagonizarão a mesma novela, até mesmo quando o enredo não envolve corrupção. A mais nova vítima da poderosa limpeza de Dilma Rousseff (que deve estar apenas no começo), nada mais é que um dos mais longevos ministros na administração petista, Nelson Jobim (PMDB). Agora ex-ministro, Jobim se viu obrigado a deixar o Ministério da Defesa após sucessivas declarações polêmicas ligadas a política e ao governo. Na semana passada, em entrevista ao canal virtual da Folha e UOL, Jobim afirmou ter votado em José Serra nas eleições de 2010, por sua relação forte de amizade com o tucano há anos. Os ânimos em volta da revelação do ex-ministro pareciam começar a se acalmar esta semana, quando a revista Piauí divulgou novas declarações do peemedebista, criticando a atuação de Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann no governo. Segundo a publicação, ele havia declarado que Ideli é “fraquinha” e Gleisi “nem sequer conhece Brasília”. Foi o basta na situação, e mesmo sendo um ministro respeitado, tendo comandado reformulações na malha aérea e ficado à frente da criação da Comissão da Verdade, e das operações que expulsaram traficantes do complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Jobim não ficou ileso.

A demissão de Jobim, é apenas o início da faxina que Dilma terá que fazer no Planalto para não desgastar sua imagem publicamente
Alguns julgam as declarações de Jobim atrapalhadas, antiéticas e desnecessárias (e realmente são). Já o próprio peemedebista confirma que elas estão completamente fora do contexto citado na entrevista, o que também parece ser uma forte hipótese, diante do sensacionalismo provocado pela imprensa a cada vírgula excedida por personalidades de conhecimento público. O fato, é que independentemente do desconforto causado, ou da má interpretação das palavras de Jobim, a demissão tem um motivo claro: Dilma não quer expor o governo a polêmicas na mídia e deixar sua imagem ainda mais desgastada com os freqüentes escândalos de Brasília em seus primeiros meses de administração.

Nelson Jobim sempre impôs respeito e seu caráter o manteve afastado de esquemas de corrupção ou qualquer sujeira política e já atuou nas administrações de Fernando Henrique Cardoso e Lula. Foi absolutamente infeliz e deselegante em suas declarações, transmitindo a sensação que realmente não queria mais permanecer no governo e sua demissão, foi apenas o começo da “faxina” que Dilma deve fazer no Planalto até 2012, antes que enfraqueça publicamente. Parece que a presidente começa aos poucos mostrar sua personalidade e seu poder de atuação, e é realmente necessário corrigir os problemas o quanto antes. Mas vale lembrar, ninguém está ocupando uma pasta à toa no governo. Se está ali, foi porque Dilma escolheu e confiou. Até então, parece que a presidente tem se decepcionado em suas escolhas...

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