Foto: Reuters |
São José dos Campos viveu um domingo (22/01) assustador. Cerca de 2 mil policiais invadiram o bairro Pinheirinho, área dominada em 2004 por famílias sem moradia, que hoje somam quase 6 mil ocupantes.
Dona do terreno, a massa falida da empresa Selecta, entrou na justiça e pediu a desocupação do lugar. A justiça então determinou a reintegração de posse e após semanas (ou até meses) de impasses, a polícia invadiu o espaço. Os habitantes do lugar reagiram. Montaram barricadas, preparam as famílias, fizeram algumas firulas à imprensa durante as coberturas do caso nos últimos dias, e no fim das contas, estão deixando suas casas, que começam a ser destruídas.
É lamentável ver a situação chegar a um ponto extremo como este. A prefeitura da cidade se omitiu o tempo todo. Omitiu-se por não controlar a situação logo de início, há oito anos. A ocupação ocorreu de maneira ilegal e algo deveria ser feito na época. Porém, tentar barrar a moradia de qualquer indivíduo em algum lugar é impopular e nossos políticos acabam por adiar medidas importantes a serem tomadas, que zelem o bem estar de todos.
Lucas Lacaz Ruiz/A13/Folhapress |
O resultado? O pior, infelizmente aconteceu. O mais curioso é que a polêmica desocupação do Pinheirinho acontece justamente em 2012, ano eleitoral. Difícil não relacionar todos os problemas que nossa sociedade enfrenta em relação às práticas e manipulações políticas de nossos governantes. Se outrora a administração de São José se omitiu em controlar a situação, agora a oposição também não pestanejou em incentivar uma guerra joseense.
Vimos isso claramente diante das posições totalmente opostas dos governos federal e estadual em relação ao caso. Um lado banca de bonzinho, de olho na tão sonhada prefeitura da cidade nas próximas eleições e trata a história com toda destreza, como se bastasse chegar e urbanizar a área (fácil assim!). O outro lado se omite atrás da falta de assistência, de diálogo e de cabíveis medidas para controlar a situação. Dar as caras neste momento, pode simplesmente apertar a corda no pescoço e colocar a administração da cidade em um beco sem saída para uma possível reeleição do partido no poder.
O resultado final é uma guerra entre políticos, pobres sem teto, policiais, e principalmente ideologia. O mais triste de tudo, é ver que situações como esta, terminam de maneira grotesca e agressiva, justamente porque nosso falho sistema político, vive pensando unicamente no poder, deixando a sociedade a deriva de cuidados, comprometendo o bem estar e os direitos de todo e qualquer cidadão.
Esse post pode até ser uma perca de tempo. Dificilmente esse jogo político do qual nos tornamos vítimas mudará e também não trago nenhuma novidade. Mas enquanto uns se dividem em opiniões, dizendo o que acham certo ou errado nessa situação, acho que o nosso problema está mais em cima e prejudica toda a sociedade. O problema do Pinheirinho tem apenas um culpado: o poder. O poder para realizar a desocupação. O “não ter poder” para possuir condições de uma moradia digna e a falta de postura e medidas de nossos governantes, que culminam em situações absurdas como esta, simplesmente pela busca incessante ao poder.